Quando nos deparamos com a rara moeda de 500 réis do Regente Feijó, nossa primeira atitude é verificar se pertence à cunhagem do ano de 1935, pois essa data apresenta uma tiragem extremamente limitada, com apenas 14.000 exemplares produzidos, tornando-a uma verdadeira preciosidade numismática. Em contraste, as moedas dos anos seguintes (1936, 1937 e 1938) são relativamente comuns em comparação.Outra particularidade intrigante dessa moeda especial é a diferença no seu peso. Enquanto a versão de 1935 possui quatro gramas, as moedas dos anos seguintes apresentam um peso de cinco gramas. Essa variação no peso possui uma explicação significativa que merece ser explorada.Ao pesquisar na Revista Numismática Brasileira, uma publicação de 1935 editada pela Sociedade Numismática Brasileira (SNB), relacionada ao mesmo período de cunhagem dessa moeda, deparei-me com uma nota fascinante contendo informações relevantes sobre essa questão:
“O diretor da Casa da Moeda, tendo em vista a necessidade de atender as exigências do nosso meio circulante, acaba de propor a creação de uma nova moeda divisionária, de nickel, do valor de 300 réis, e, também ligeiras alterações no peso e no diâmetro das moedas de 500 e de 400 réis.”
Diretor da Casa da Moeda
A moeda de 400 réis que se refere é a da série que circulava desde 1918, que então foi substituída pela moeda de 400 réis de Osvaldo Cruz (1a Série de Brasileiros Ilustres – 2a emissão), que entrou em circulação em 1936, tendo sido cunhada ainda em 1937 e 1938, passando então das que estavam em circulação de 12 gramas, 30 mm de diâmetro e espessura de 2,1mm para o novo modelo tendo agora 10 gramas, diâmetro de 28mm e espessura de 2,1mm, mantendo o mesmo metal de cupro níquel em ambas.
A moeda de 500 réis referida no comunicado é uma peça altamente cobiçada pelos colecionadores – a moeda do Regente Feijó, especificamente do ano de 1935. Essa moeda em particular desperta um grande interesse entre os numismatas, e a explicação para a mudança sugerida se faz necessária para compreender o contexto histórico.
De acordo com o comunicado, a Casa da Moeda explica que a moeda de bronze alumínio de 500 réis, devido à sua excessiva tenuidade (ou seja, finura), provoca a ruptura dos cunhos utilizados em sua cunhagem, resultando em uma diminuição significativa da produção e aumento dos custos de fabricação. Para superar esses inconvenientes, foi sugerido o acréscimo de um grama ao peso do disco utilizado na fabricação da moeda, com base em experimentos realizados previamente.
Em resposta a essa solicitação e após realizarem testes, a moeda passou por uma alteração no ano seguinte, aumentando o seu peso de 4 para 5 gramas. O diâmetro da moeda foi mantido em 22,5mm, mas a sua espessura foi modificada de 1,5mm para 1,80mm. Contudo, mesmo com essa alteração, a cunhagem das moedas de 500 réis do Regente Feijó no ano de 1935 foi uma tarefa desafiadora, resultando em um número limitado de apenas 14 mil exemplares cunhados, o que tornou essa moeda ainda mais escassa e valorizada entre os colecionadores.
Uma outra mudança relevante que ocorreu em 1936 foi a troca do diâmetro da moeda de 1000 réis de Anchieta. Nas moedas de 1935, o diâmetro era de 26,7mm, porém, a partir de 1936, as novas edições apresentaram um diâmetro reduzido, passando para 24,5mm. Além disso, essa alteração também afetou o peso das moedas, que passou de 8 para 7 gramas, mantendo a espessura de 2,1mm inalterada.
A motivação para essa modificação se deu pela introdução em circulação da moeda de 2000 réis de Duque de Caxias, a qual possuía um diâmetro de 26,5mm. Essa mudança no diâmetro e peso da moeda de 1000 réis de Anchieta teve o propósito de diferenciar os valores monetários, evitando confusões entre as moedas de 1000 réis e 2000 réis, que seriam muito próximos caso mantivessem as mesmas medidas.
Embora essa tenha sido uma troca significativa, com alterações no diâmetro e peso, o valor comercial dessas moedas não apresenta uma diferença tão marcante. Isso se deve à alta tiragem em ambos os anos, o que significa que há um número significativo de exemplares disponíveis no mercado numismático. Essa disponibilidade reduz a raridade dessas moedas, mantendo seus valores comerciais mais próximos entre as edições de 1935, 1936, 1937 e 1938.
Apesar disso, a numismática valoriza e reconhece essas alterações como elementos importantes da história das moedas brasileiras, contribuindo para a diversidade e riqueza das coleções numismáticas, que despertam o interesse de colecionadores e estudiosos apaixonados pelo universo das moedas e da história financeira do Brasil.
A moeda de 1000 réis de 1935 de Anchieta teve seu módulo alterado (reduzido) nos anos seguintes
para diferenciar da nova moeda de 2000 réis de Duque de Caxias que entrava em circulação.
Adriana Sollery, a principal escritora do Unique Relic, é uma entusiasta de colecionismo de moedas que transforma sua paixão e profundo conhecimento em histórias envolventes. Com anos de experiência pessoal no mundo da numismática, Adriana combina sua expertise em história monetária, conservação de moedas e o mercado de moedas raras para proporcionar aos leitores um olhar perspicaz e acessível sobre este fascinante hobby.